sábado, 4 de fevereiro de 2012



A gente se conhece há alguns dias, ou são anos? Me peguei pensando que não sei muito sobre você além do seu gosto musical, da sua mania de sentar sempre no mesmo lugar e passar as mãos pelo cabelo de hora em hora. São coisas pequenas, detalhes mínimos que alguém com pressa não perceberia, mas eu? ah, meu bem, eu tenho todo tempo do mundo pra te observar e decorar todos esses trejeitos pra quando for a hora de te provar que te conheço como ninguém. A gente se entrega nas menores coisas, e se conhece também. A gente se conhece naqueles detalhes que alguns deixam passar enquanto nos perdemos decorando cada um deles. As coisas que acontecem, aquelas que a gente não consegue nomear, também começam assim: das menores coisas. Do olhar que demorou um pouco mais, da mão que esbarrou sem querer, do sorriso que quer mostrar um abrigo. A gente se apaixona assim: nas menores coisas. Só não se assuste, por favor.
Não se assuste se eu me apaixonar por você, se de repente parecer que eu te quero por perto em todas as manhãs e tardes e noites de qualquer estação. Não é todo dia que a gente encontra alguém assim, tão diferente desses sorrisos de plástico que andam pelas ruas. Não é todo dia que a gente tenta fugir do caos e esbarra os olhos em alguém que também faz do nosso olhar a fuga perfeita. Não se assuste se todo dia eu me apaixonar. Se eu quiser descobrir cada dia mais da tua história, do que te faz sorrir, do que te embrulha o estômago. Não se assuste se eu quiser cuidar de você, te fazer cafuné no sofá da sala enquanto você me conta sobre o seu dia. Se eu aparecer numa manhã chuvosa com meu guarda chuva de pinda só pra te entregar a camisa que você esqueceu, se eu roubar uma foto sua pra colocar na minha carteira como fazem aquelas pessoas bregas, se eu de repente juntar todas essas pequenas coisas que nos unem e transformá-las numa ponte pra não te esquecer: não se assuste, meu bem.
Não se assuste se o meu rosto não sair da sua mente, se fizer falta a nossa procura a nossa entrega a nossa fuga. Não se assuste se na hora de ir embora seus pés se recusarem a ir; se o meu guarda-chuva de pinda parecer pequeno pra nós dois e você não se incomodar por ter que me abraçar um pouco mais até cabermos; se naquele sofá da sala o mundo inteiro perder a importância ou se na fila do pão você sorrir feito bobo pensando em mim. Não se assuste se quiser cuidar de mim também, se de tanto me ouvir reclamar sobre todas essas pessoas que deixam as decisões na minha mão, você quiser colocar cada uma delas sobre seus ombros, assumir o controle desse trem e me levar por aí, à qualquer lugar que você queira ir. Não me assusto, meu bem, eu vou.
Por que se assustar com o que é bonito, com o que é natural, com o que acontece sem que possamos impedir? Não se assuste, meu bem, se de repente parecer que o universo se reduziu a nós dois. Sabe, foi bom te encontrar por aí, foi bom encontrar em você tudo o que eu não sabia que precisava. Então não se assuste, não vá embora, não esconde o que você sente debaixo do tapete sujo da sala. Fica aí. Me observa chegar de mansinho, abre os teus abraços e vamos descobrir o que a vida tem guardado pra nós dois. Chega de uma vez por todas e arranca esse controle da minha mão, coloca meus pés no chão e me mostra com quantas mãos, com quantos passos, com quanta vontade a gente constrói uma história com a nossa cara. Fica aí. Adoro quando você fica assim: imóvel, me observando sorrir, tentando desvendar o que passa pela minha cabeça. A resposta? Você. Você e esse seu sorriso, você e essa sua mania de passar as mãos pelo cabelo, você e esse seu olhar que não me deixa fugir. Não se assuste se eu me apaixonar: só tenha sustos se todos eles forem de amor. Não se assuste, meu bem, não se assuste se eu já estiver apaixonada.

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