"Eu tenho um medo enorme de perceber o quanto posso ser sensível, se eu quiser. Nem estava me sentindo um lixo, tudo era superficialmente bom. Eu estava achando que jamais seríamos algo significativo, e você rezando para que quem rezasse não fosse você, e sim o padre em nossa frente, de preferência no altar. Eu de branco, você de preto. E nós nos completaríamos como uma fotografia antiga. Eu vivia um quase relacionamento com um tipo de cara que se encontra a cada esquina. Aquele que não sabe ser romântico, que nem sabe amar, mas que mente para nós até o fim só para tirar o máximo de proveito. Quando eu descobri que estava com o cara errado, e que você gostaria mais que tudo de me dar as mãos na frente do mundo inteiro, eu chorei. Eu chorei por saber que fui tão burra de tentar buscar a felicidade em um buraco raso e vazio. O instinto nos engana mil vezes, e essa foi a terceira, a quarta, ou a milésima.
Então eu resolvi tentar. Tentar amar você, mesmo achando que treinar o coração para amar alguém é impossível. Eu nem me esforcei. Você chegou espontâneo, divertido, e me despertou uma raivinha daquelas que só mulheres que ouvem diminutivos como "Oi Lindinha, amorzinho, florzinha, como você está, benzinha?" já sentiram. Por isso achei que você fosse mesmo uma perda de tempo gigante, ou um momento de distração, em que eu me divertia horrores com suas piadas infames.
O mais interessante é que gostei demais de sorrir de você, com você, por você. E integrei o sorriso aos meus dias. Automaticamente, você estava, a partir daí, integrado aos meus dias. De uma maneira bem seca, diria que você sempre me fez bem e ponto. Mas se eu fosse descrever O BEM que você faz, eu falaria um trilhão de palavras que você disse e que eu sempre quis ouvir.
Eu sempre quis ouvir, por exemplo, que você tem nojo da minha gripe, ou que adora me ver com raiva. Queria mesmo ouvir que sou a garota da sua vida, e que você desejou conversar comigo desde a hora que acordou.
Sendo sincera com você, ao máximo, eu diria que não foi amor desde o primeiro dia. Embora eu tenha percebido um carinho enorme desde a primeira conversa. Eu lembro bem, você me encontrou por engano, e num disfarce quase ridículo disse que queria conversar com novas pessoas para trocar ideias, opiniões, dialogar... E eu achei tão engraçado você metido a intelectual, achando que era repórter de um jornal e que iria entrevistar a Madona, que resolvi ser cara de pau e te dar papo.
Depois eu me convenci que jamais cairia no seu DIÁLOGO (hahaha), e briguei contigo trocentas vezes.
Fiz seu coração desmanchar, e prometi sumir de tudo.
Oh Meu Deus, se eu soubesse representar fielmente os sentimentos, atuaria agora numa mistura de tristeza, ansiedade, aflição e vontade. Vontade de ter você por perto de qualquer maneira e dizer que eu não te chamo de amor porque não tenho muito jeito para essas coisas. Quero, inclusive, me livrar de toda essa timidez e dizer que você é um bebê enorme, uma criança minha, um amor tão lindo e que eu morro de ciúmes de você com essas garotas lindas que estão te cercando. Eu quero pedir desculpas por todas as vezes que não te dei créditos e te mandei passear, para pedir, que seja meu para sempre. Que tenha filhos rebeldes comigo, e que nós os acompanhemos nas manifestações contra tudo e contra todos que eles farão. Quero uma família anormal contigo, mas lotada de amor até o pescoço.
Eu quero confessar, que estou sentindo um medo constante de te perder, exatamente porque te acostumei a viver sem mim quando te dispensei. E que é amor sim, é amor, é amor, e é amor. É amor mil, duas mil, três mil vezes, e mais, muito mais! Agora larga essa vida, e vem para a minha. Mas fique aqui comigo."