sexta-feira, 8 de março de 2013


Detalhes


Nada mais é igual. Não tem mais você aqui. Não tem seu sorriso no porta retrato do meu quarto. Não tem sua risada ecoando através das paredes ao ler aquela agenda dos meus doze anos. Lembro como se fosse hoje daquele dia em que você riu porque eu havia escrito que era o pior dia da minha vida porque "o amor da minha vida" não quis ficar do meu lado no recreio. Você riu e disse que nós mulheres desde pequenas cismamos em acreditar que qualquer um tem potencial pra ser o amor da nossa vida, aos oito, doze, dezessete ou cinquenta anos. Depois me perguntou se eu achava isso de você também e eu, super sem graça, fiz uma piadinha e disse que ainda estava avaliando seu potencial. Pura mentira, eu já tinha decidido que o homem da minha vida era você, mas não te contei pra você não achar que eu ainda era uma menininha a eterna espera do tal amor. Mas aí um dia você foi embora e eu não escrevi, mas se eu tivesse uma agenda, eu escreveria novamente que o pior dia da minha vida tinha chegado: o amor da minha vida desistira de passar o recreio, os tempos de aula, as horas extras comigo. O amor da minha vida desistira de mim. Depois de tanto tempo depositando esperanças em amores vazios, eu realmente achei que você honraria o título e escreveria o meu nome seguido de amor da sua vida em alguma de suas agendas ou em algum lugar no seu peito. Só que pra você isso é infantil demais, você já é um cara maduro. Mas eu sou criança e sendo assim, alimento todos os dias a esperança de que você volte. Um dia depois de conhecer outra pessoa e perceber que as agendas dela não são tão engraçadas como a minha, depois que você perceber que aquele seu retrato combina melhor com a parede do meu quarto e o seu sorriso com as minhas piadas, você vai voltar. Um dia enquanto dobrar a esquininha, enquanto ouvir aquela música que eu tanto amava e você dizia que era brega, aquela que diz que um grande amor não vai morrer assim, você vai lembrar que falta uma agenda na sua vida. Falta a pessoa que te oferecia colo, ouvido e palavras. Eu guardo a esperança de que um dia você perceba que a vida só tem sentido se for vista com olhos de criança, aí você terá coragem de escrever com tinta permanente as palavras amor da minha vida e fazer um coração com o meu nome. Mas hoje ainda habita a sua falta na minha casa. A agenda continua aberta na mesma página, a porta continua encostada, só o seu retrato que hoje tá na cabeceira de outro alguém. O seu sorriso não é mais meu, mas ainda assim você me sorri, eu sei. Lembra do nosso segredo, a frase daquela música que a gente usou pra selar o fim: viva todo o seu mundo, sinta toda a liberdade, mas quando a hora chegar, volta! que o nosso amor está acima das coisas desse mundo? Pois é, te espero aqui. Revivo todos os dias os nossos detalhes. O fim é só mais um deles, um grande amor não vai morrer tão fácil assim.


"Eu sei que esses detalhes
Vão sumir na longa estrada
Do tempo que transforma
Todo amor em quase nada
Mas "quase"
Também é mais um detalhe
Um grande amor
Não vai morrer assim"

domingo, 3 de março de 2013

" Eu perdi alguém,
mas ninguém morreu.
E o que ainda vive,
não produz mais.
Eu perdi alguém,
e me perdi do chão.
Sustentei nos ombros,
o peso de dois corações.
Falei da eternidade,
da saudade, do recíproco.
Do hoje, do agora,
mas não de nós dois.
De nós, um dia disse
que o futuro resolveria.
Mas esqueci de avisar,
do final que eu esperava.
Eu perdi alguém,
sem disputa.
Fui derrotado pela minha própria
arrogância.
Eu perdi alguém,
que era mais eu
que muitos versos. "