domingo, 22 de agosto de 2010


Sorte, sorte, sorte

Já me acostumei com a tua voz e o teu riso rouco, o teu beijo, a textura da tua pele na minha e com ver-te sempre sorrindo pra mim quando acordas.
Me acostumei também com teus eventuais azedumes, teus dias tempestuosos, ácidos, dias que acontecem pra qualquer pessoa, por mais encantadora que ela possa ser.
Tenho aprendido sobre alguns dos teus limites, teus métodos, teus gostos e tuas manias, e tenho me apaixonado um pouco mais a cada dia por cada uma delas.
Me acostumei a lembrar do teu rosto toda vez que escuto alguém dizer a palavra Amor... E a sorrir também, mas nem sempre deixo que percebam. Já me acostumei com a tua cabeça apoiada detrás do meu ombro na hora de dormir, com o teu bife mal passado, teu yogurt de baunilha e um cigarro depois. Me acostumei a ser o teu par, tua cúmplice, o teu amor, tu niña, a tua morena. A correr pras estações pra te buscar, a colecionar dezenas de horários de vôos, e ônibus e trens guardados numa caixinha onde tenho guardadas um monte de outras coisas sobre ti.
Me acostumei com tanta coisa, meu bem, mas essa noite vai ser tão difícil dormir sem ti, porque ainda não me acostumei, e na realidade não pretendo me acostumar, com a idéia de ter que estar sempre-sempre me despedindo de ti, sempre de mãos atadas e tendo que te ver voltar pra dura Madrid, e permanecer aqui, levando a vida, esperando pelo dia que possas regressar outra vez.
Tenho que confessar que dói sim, senhores, mas que na verdade doeria muito mais não ter dela todo o amor que tenho. A dor que mata é a dor do desamor. Mas essa não mata, me faz querer viver.
Porque eu sei que eu vou guardada dentro de ti por onde você for, guardada como se fosse uma obra de arte dessas bem valiosas, e tu meu amor, tu aqui vais ficar, a tua marca e o teu espaço na minha cama, teus passos nas escadarias do prédio, o cheiro dos teus cabelos no meu travesseiro, a casa e meu peito cheios, inundados de ti. Submersos em ti e na falta que fazes. Porque quando não estás aqui o frio é de morte. E se antes eu não tinha assim tanta razão pra querer conseguir algo, hoje eu tenho um sonho, e sonho em estar em paz ao teu lado, sem a maldade desses - agora - 600 insuportáveis quilômetros que me detonam toda vez que tenho que voltar pra casa sem ti. Esses terríveis 600 quilômetros que estão me injetando esperança e força pra que no próximo outono os estilhacemos em cacos bem pequenos, e que tudo esteja bem.
Desejo-nos sorte. Deseje-nos sorte também.
E diz pra mim que tu também sonhas com isso e me enche assim de ânimo pra lutar ainda mais pela possibilidade que existe, mas que eu sei que não vai ser tão fácil de conquistar.
Sonho tem peso de sonho, e tudo que é bom, pra ser conseguido precisa ser batalhado, por isso eu não vou parar, não vou desistir.
Diz pra mim que acreditas tanto quanto eu pra que eu siga acreditando também, me diz que vamos conseguir, e que haverá um bom futuro e que ele é nosso.

Vou atrás dele.
Vem comigo? *-*

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